sexta-feira, abril 06, 2007

Que viagem

Finalmente cheguei! Já há dois dias, mas ainda não tive tempo para nada (ainda nem tirei a roupa da mochila, tenho medo do cheiro...) Depois de quase um mês em viagem, foi bom voltar a Freiburg, onde agora sim, me sinto em casa.
Começou em Praga, uma semana incrivelová. O Miguel já aqui falou do essencial, mas "esqueceu-se" de referir que para além de não me ter deixado dormir no guarda-fatos, nem num mísero chão (mísero salvo seja, que aqueles azulejos são dignos de um qualquer palácio real) me permitiu dormir. Mas deixa estar Miguel, após uma tentativa frustrada na Hlavná Stanica (estação principal) de Bratislava, em que os polícias nem dois minutos me deixaram estar deitado, lá consegui em Viena, na Westbahnhof (outra estação), dormir hora e meia, até que, muito delicadamente, um segurança me veio acordar, a dizer que podia dormir à vontade sentado num banco, mas deitado no chão não. Não sei o que tem esta gente contra o conforto, devem ser mais umas leis de pudor... Foi tão bom rever o Miguel, a Cristiana, conhecer os amigos,
dar-lhes a conhecer os nossos, quase ser mordido pela Aida (a cadela, não a ópera), ter a roupa lavada (obrigado Cristiana, foi preciso ir para Praga para lavar a roupa), pagar 80 cêntimos por uma cerveja... No meio disto tudo, até me esquecia como Praga é uma cidade bonita, uma das mais bonitas que já vi.
Próxima paragem, Viena. Se há cidade linda é Viena, nunca vi nada como aquele centro histórico, aquela cidade imperial, o palácio Hofburg, o labirinto de Schönbrunn (que nós visitámos, apesar de estar fechado ao público), a Marie Therese Platz, o Believe it or not. Quem já viu, sabe do que estou a falar, quem não viu, despache-se a ver. O único senão de Viena (para além do facto de termos estado só dois dias, obviamente) foi ter sido no início da viagem. Depois de Viena tudo sabe a pouco, aqueles monumentos, aquela beleza são incomparáveis. Em Viena saímos à noite com dois gajos do Liechtenstein(!), tive uma lição de Russo num guardanapo de papel e ainda consolámos um francês do PSG que só dizia "Je suis dégouté" depois de o Benfica lhes ter dado 3-1.
A seguir estivemos um dia em Bratislava. Não foi uma desilusão porque a verdade era que já não tínhamos grandes ilusões, mas Bratislava não tem mesmo nada de especial. Importante só mesmo o rodízio que não chegou a ser e o barman que não me deixou dormir no café, não me dava pacotes de açúcar e ainda queria gorjeta. O que mais me marcou foi a estação, porque só tínhamos comboio para Budapeste às 5 da manhã, era impossível dormir na estação (como eu já expliquei atrás), que estava cheia de sem-abrigo constantemente expulsos pelos polícias (e como estava fria essa noite), mas que voltavam passados 5 minutos de serem expulsos. Acabámos por ir para Viena, para ver se dormíamos alguma coisa, e aí finalmente consegui dormir no chão.
Dias seguintes, Budapeste. Também linda, não como Viena, mas ainda assim especial. Aqueles banhos termais são qualquer coisa, especialmente para dois interrailers que passaram a noite a andar de estação em estação a tentar arranjar sítio para dormir. O Parlamento é muito bonito, a Andrassy Út também, mas Buda à noite é fantástica, beleza pura reflectida no Danúbio. Visitámos também Eger, cidade pequena e agradável, famosa pelo vinho, e pelas galerias subterrâneas onde ele era guardado.
Next stop, Cracóvia, depois de uma viagem durante a noite com o seu quê de atribulada. Em Cracóvia vimos Cracóvia (convém), as minas de sal de Wieliczka, Auschwitz (toda a gente deve ver) e as polacas, e adivinhem lá o que era mais bonito... Gostei muito de lá estar, achei os polacos (e as polacas) muito simpáticos, pelo menos comparado com a antipatia reinante nos países de Leste, e a última noite em Cracóvia, com as galegas, um polaco e um americano, foi a melhor noite do Interrail.
Na manhã seguinte (um pouco mais tarde que o planeado, naturalmente) lá apanhámos o comboio para Varsóvia, já com ele mesmo a arrancar. Em Varsóvia estivemos uma tarde, mas para tão baixas expectativas, foi uma agradável surpresa, tem uma zona histórica muito bonita. E em Varsóvia vi talvez a melhor declinação da minha vida, Larsa von Triera (isto é ridículo, fazer viagens à procura da declinação perfeita).
Nächster Halt, Berlim. Finalmente chegámos um sítio em que percebemos alguma coisa do que as pessoas dizem, é que nestas estações todas por onde andámos era dificílimo encontrar alguém que falasse inglês. As expectactivas eram tantas relativamente a Berlim, que saíram um bocado defraudadas. Talvez por termos estado tão pouco tempo que não deu para nos apercebermos minimamente da vivência da cidade. Por ter sido totalmente bombardeada, Berlim não é muito bonita, os monumentos foram reconstruídos, mas a maior parte são edifícios modernos e, ao contrário da maior parte das cidades, os sítios a ver estão bastante dispersos. Mas a verdade é que grande parte da história mais recente passou-se lá, e por isso ir a Berlim é mergulhar no tempo do Holocausto, da 2º Guerra Mundial, da Guerra Fria. É uma cidade a rever, mas com tempo. E claro Gustavo, de volta à Alemanha, é altura de andar nos transportes públicos
à portoghese. Nem um bilhetinho de metro para recordação eu trouxe.
Depois veio Hamburgo, com a prima do Danicha que tão bem nos recebeu, o porto, os lagos, os museus, a rua portuguesa, o Reeperbahn e as suas casas de strip. Hamburgo é muito bonito, vale mesmo a pena visitar.
A seguir fomos para Aarhus, na Dinamarca, onde vivem os meus primos e claro, adorei, principalmente por estar com os meus primos outra vez, mas também porque Aarhus é uma típica cidade nórdica, não muito grande, mas muito agradável.
Para acabar o Interrail, um dia e uma noite em Copenhaga. O dia foi bom, Copenhaga, com os seus canais, é também muito bonita, principalmente se vista de barco. A noite foi horrível, com a estação a fechar, a termos de procurar Mc Donald's para dormir (é irónico, o símbolo do capitalismo a ser o nosso único abrigo) e só ao segundo é que deu, porque no primeiro apanharam-nos a dormir e expulsaram-nos. Começa a ser rotineiro...
Na manhã seguinte a despedida, eu vou para Estocolmo, ansioso por rever os meus pais e a minha irmã, e o Danicha vai para o aeroporto, apanhar o avião para Portugal. De Estocolmo posso dizer que é muito bonita, dispersa por várias ilhotas, cheia de monumentos e parques, mas do que eu gostei mesmo foi de estar outra vez com a minha família. É pena terem sido poucos dias, mas foram muito, muito bons.
E pronto, uns dias depois voltei a Freiburg, sem conseguir cumprir com o plano inicial que era passar por Praga só para uma noite e uma guerra de bolos com o Miguel, o Luís, a Maria e a Diana. Cheguei bem, com uma luva, um champô e uma tesoura a menos, cansado, sujo, com a barba e o cabelo grandes, mas realizado. Quando vi o meu quarto nem queria acreditar, estava em casa...
Eu queria postar fotos, mas não consegui. Vou tentar mais tarde.

João