quarta-feira, junho 27, 2007

Cá na Alemanha tudo bem

Já nem me lembrava da última vez que aqui tinha escrito. Foi em Abril, tive de confirmar. Tempo demais, uma eternidade.
Muita coisa se passou...

A visita do Miguel, Cristiana, Bia e Florian. Muito boa, e naturalmente preenchidíssima. Viagens - carro até Freiburg, bicicleta por Freiburg, a pé ATRAVÉS de Freiburg (não foi assim tanto), comboio até e de Heidelberg, avião até Coimbra, só faltou mesmo o barco. Música - foi intensamente chamada (bem como os Little Gipsies, versão internacional do Marcianinho) e veio ao nosso encontro no StuSie Bar. Não satisfeitos, ainda a chamámos durante mais uma hora. Bonito - foi a despedida sentida entre o Miguel e a Steffi italiana para todo o sempre meia hora depois de se terem conhecido, foi Heidelberg, foi dormirmos no chão com uma cama livre (solidariedade é isto). Muito bonito - foi a Lehener Strasse (é incrível como a beleza essencial está sempre tão escondida, quase tão escondida como o Leandro), era serem 4 pessoas felizes em vez de 2.

A Queima, "nothing to declare".

Uma semana em Cannes, em que fui convidado para assistir ao filme vencedor do festival (convite que, educadamente, declinei), em que se jogaram muitos jogos, em que tentei, sem sucesso, fazer windsurf (tivesse eu conseguido e a semana tinha sido perfeita) e, acima de tudo, que me aproximou muitíssimo dos meus amigos aqui de Freiburg.

O Southside Festival, um mega festival de música, três dias em que a minha vida foi comer pão com atum, dormir e ver concertos. Muito diferente dos festivais em Portugal. Com concertos, e bons, a partir do meio dia, aquele espírito festivaleiro que há em Portugal, de ir ao banho, à praia, dormir na relva e só à noite ir para os concertos, aqui não houve. I had a good time (em português não encontro expressão melhor), mas mais graças à música, que foi mesmo muito boa, porque a verdade é que não houve tempo para muito mais.

Para além disso, foi a normal "Erasmus Leben", que neste segundo semestre é ainda melhor que no primeiro. No início do semestre foi incrível, não parava nem de noite nem de dia, foram os melhores tempos aqui em Freiburg. Agora as coisas acalmaram um bocado, saio menos à noite durante a semana, mas também faço muito mais coisas durante o dia. Não me posso esquecer da primeira Latin Party, organizada pelos Erasmus latinos da StuSie. Incrível, a melhor festa do ano, não há memória de uma festa tão sem memória em toda a Alemanha Ocidental...

Com os exames em Agosto, o fim ainda está longe, não é ainda altura de fazer um discurso depressivo pós-Erasmus em jeito de balanço final.

Liebe Grüsse,

João

sábado, junho 16, 2007

Daqui, também o fim

É verdade que neste salto de tempo há ainda tanto por contar, de entre muitos casos, dě-se importancia á ida a Freiburg, ao jogo do lobo, ao regresso dos filhos (de questionáveis prodigalidades) á Coimbra intemporal, ao sentimento de estar onde se queria estar no momento exacto, ás técnicas musicais da ANITA no piano e á nova santidade que a MAGUI confere á hora do café (que expressamente me manifestaram o desejo de ver os seus nomes timbrados nas linhas deste blog). Se é verdade tudo o que supra disse, urge no entanto agora, dar resposta ás palavras do Nocas e carpir ainda o fim deste ano. Se é dito comum que o tempo passa a correr, sou todavia levado a crer que este ano acoteceu num sprint final, ainda hoje consigo lembrar o sentido de revelacao e novidade dos primeiros dias. E de repente, toda esta existěncia que se edificou sobre uma cidade própria, mas também sobre as pessoas que tornaram este ano especial, tudo isto que durante um ano era a minha certeza e conviccao, atomiza-se com a partida amiúde da gente. De dia para dia há mais um que abala na incerteza de nos voltarmos a ver. Que o mundo é grande, e já se disse, o tempo passa a correr...

De resto, neste ano é difícil definir o que dele se traz. No meu caso, nao é qualquer coisa palpável, sei que aprendi algo, sei que aprendi bastante, mas custa tracar a recta que separa o antigo do meu novo conhecimento. Se estou diferente? Talvez sim, mas penso que nao. Porque o essencial de uma pessoa, passei eu a acreditar, demarca-se ainda quando somos criancas. Definimo-nos nos momentos ingénuos em que os dentes nos rompem as gengivas e aquele que hoje fundamenta mal ou bem uma determinada opiniao sobre o aborto, é ainda aquele que entre desenhos e castelos de areia mal desconfiava de onde viriam os bebés. Muda-se a perspectiva e expande-se o campo cognitivo, mas os valores mais básicos mantiveram-se cristalizados dentro de mim. Nao é raro lembrar-me de situacoes várias de infancia em que confirmo hoje quao acertado eu estava entao, ou quao caprichoso eu fora, sendo esses os mesmos caprichos de agora, por vezes cinicamente reprimidos. É por isso que sou levado a crer que me reconheco mais que nunca na pessoa que deixou Portugal em finais de Julhos do ano velho, sem saber entao que o tempo pode ser mais veloz ainda que a nossa vontade de descobrir o mundo.

Contudo, o adeus nao está a ser forcosamente doloroso. Estranho e esquivo serao porventura melhores adjectivos. Ainda há algo aqui por fazer, e isso ocupa o pensamento. De resto, o fim do Erasmus coincide com o início de uma coisa maior. Coincide com a conviccao de que nao há fronteiras para a nossa vida. Que o mundo em nosso redor pode ser tao confortavelmente diferente e tentador. Que a língua ou cultura nao devem ser um obstáculo á nossa decisao de partir e que, justapondo á amizade todos os outros sentimentos, nenhum deles tem nacionalidade. E isso nao é pouco, é grande, é enorme!

E Nocas, estas últimas palavras sao para ti. É sempre um contentamento absoluto ler o que escreves e ficar sem jeito face aos teus elogios e preocupacoes. É difícil responder á altura porque sabes bem que eu sinto as coisas mas raramente as revelo, ocultando-as antes atrás desta ausěncia de palavras. Fui cheio de saudades tuas para Coimbra e foi com pena que de lá parti se nao com as mesmas, ainda com mais saudades. Porque estivemos tao pouco tempo juntos e mal trocámos palavras. Dě por onde der, vamos ter de nos encontrar este Verao! Um abraco enorme.

domingo, junho 10, 2007

o inicio do fim...

longe vai o tempo em que escrevia com mais frequencia
não sei se o tempo para escrever ja é pouco ou se o medo de vir a este blog e de perceber que tudo acaba me mata por dentro
a todos que me conhecem sabem que houve tempos em que sofri aqui, com saudades de casa, familia, amigos, juliana, de toda aquela tradição académica que tanta falta me faz...dos meus sitios, da minha vida a correr com mil actividades...enfim...
agora olho para trás e penso que muito mais poderia ter sido feito, mas crio também que todos pensamos assim...
a ouvir anthony não pude deixar de me lembrar do miguel e o sentimento de aqui escrever cresceu e aqui está...
se tive dias felizes na minha vida muitos foram este ano...chorei sozinho e aprendi a crescer sem ajudas...
lembro-me muito de ti miguel e imagino como ter ido viver para coimbra tenha sido nom mínimo diferente...

sinto falta de vós amigos erasmus...
miguel palma...estas sempre aqui nas minhas escolhas musicais, nos poemas que leio, na preocupação incessante que tenho por ti sem o saber...

e agora começa hoppe there's someone...de facto uma ds minhas musicas de ERASMUS
deixo-vos aqui o poema que me acompanhou em muitos momentos..espero que gostem...foi aminha querida irmã que escolheu...

«Meço-me
Contra uma árvore alta.
Acho que sou muito mais alto,
Pois chego até ao Sol,
Com os meus olhos;
E chego à praia do mar
Com os meus ouvidos.
Todavia não gosto
Do modo como as formigas rastejam
Para dentro e para fora da minha sombra.»

Wallace Stevens


Pois é meus amigos e se por vezes nos visitam as formigas mas caradas de macacos na cabeça é normal....
mas se nos medimos até ao sol e ouvimos ao longe o Mar tudo é óptimo e a vida é um milagre...
de facto as formigas mal sim mal não aparecem...viver está em ter força para lhes fechar a porta
(perdoa-me pelo ppelagio querida irmã)

este ano ficará marcado nas memórias de cada um à sua maneira naturalmente mas sem que entendamos teremos algo nosso que nos vai unir e que ninguém irá entender...

e é com sinceridade que digo...este ano matou-me por dentro mas renasci diferente...apurado e mais pacato...sinto-me mais senhor de mim...mais forte a ao mesmo tempo mais sensivel e sincero...

obrigado amigos
de uma forma ou de outra todos os que comigo conviveram mais ou menos tempo ou que comigo falaram para essa mudamça contribuiram...

nunca me esquecerei como me receberam...
e se me senti pregado ao chão foi nas partidas de comboio...primeiro em praga, depois em freiburg e por fim em bolonha onde me despedi de ti amigo joão...depois de 20 dias de vida em comum que poderiam durar para sempre

é com amor que me despeço aqui deste ano!
tudo valeu a pena e tudo foi o mais perfeito que poderia ter sido

para o ano será mais um inesquecivel...
porque viver é um milagre...

abraços
nocas